Transformando dificuldades em sucesso: a jornada inspiradora de Carol Braids no mundo das tranças

A capão-bonitense Maria Carolina Celestina Brasílio, conhecida como “Carol Braids”, de 25 anos, começou na profissão de trancista em 2017. Ela conta que conheceu as tranças em 2012, quando na época, sofria bullying na escola por conta do cabelo cacheado. “Tentava de todas as formas escondê-lo”, relembra a trancista.

Especialista em tranças, Carol diz que sua infância não foi muito boa, sua mãe acabou ficando presa por alguns anos, mas apesar das dificuldades, ela conseguiu encontrar o que hoje é a sua paixão. “Quando fui visitar minha mãe na cadeia, conheci uma angolana que fazia tranças no cabelo. Foi então que perguntei a minha mãe o que era aquilo, e ela me explicou que era uma trança. Eu falei, “Trança? Nunca ouvi falar”. Nunca soube o que era. Então fui e perguntei para a moça, e ela confirmou”, explicou.

Carol disse que ficou observando atentamente a mulher fazer as tranças e ficou impressionada. “Quando cheguei em casa, e a gente nem tinha wi-fi em casa, nada. Fui na casa da vizinha procurar no Google o que era trança. E assim comecei, eu fazia em mim, fazia nas minhas primas. No começo ficava horrível, né? Porque não tinha experiência com nada, mas fui fazendo. No fim, aquela época ruim, me trouxe a minha profissão. Tudo mudou na minha vida a partir disso”.

Atualmente, Carol, pioneira como trancista, realiza as seguintes especialidades: Gunna Braids, Box Braids, Fulani Braids, Borro Braids, Rastafari, Nagô Desenhada, além de dreads naturais e mega hair costurado, no ponto americano. Em relação a durabilidade das tranças, a trancista explica que depende do modelo que a pessoa fizer. “Por exemplo, a boxeadora, que bastante mulheres fazem, dura até duas semanas, mas com o cuidado correto, não lavar muito, dormir com toca de cetim. Agora, o Box Braids já dura dois meses. Há exceções de alguns cabelos que não aguentam esse tempo, por isso eu já explico antes para a cliente.”

Ao ser questionada se qualquer pessoa pode fazer as tranças, Carol foi bem clara. “Depende muito do cabelo e do tipo de trança. As vezes o cabelo não está preparado para ser trançado. Em alguns casos, o cabelo tem resto de progressiva, de química. Então não pode ser trançado mesmo”.

Sobre dúvidas depois do cabelo feito, a trancista reforça que é normal doer o couro cabeludo nos dois primeiros dias, isso em casos de tranças mais elaboradas. “Normalmente dói, mas só até o couro cabeludo acostumar”. Quanto a higienização, Carol indica que o cabelo seja lavado uma vez na semana. “A lavagem precisa ser feita apenas com shampoo. Em casos de cabelo sintético, lava só o couro cabeludo. Nas pontas, pode passar a mousse ou creme”.

A respeito da procura, a profissional salienta que isso vem crescendo desde a pandemia. “Na pandemia, a mulherada foi obrigada a ficar sem alisar o cabelo. Então ela ia para onde? Corria para as tranças. Acho que de lá até aqui, cresceu muito. Além de famosas atrizes, jogadores e cantores que também estão fazendo. Isso inspira muito”, comentou.

As tranças são de cultura africana e carregam uma bagagem ancestral muito forte, elas já foram utilizadas como ferramenta de sobrevivência durante o período da escravidão. Muito se discute se uma pessoa branca pode fazer as tranças, Carol argumenta. “Para mim, que sou negra, é um privilégio a pessoa estar fazendo uma coisa que é da minha cultura. Ela está se inspirando em mim. Qualquer um pode fazer trança”.

Com incentivo de amigos, familiares e do cabeleireiro César, que a presenteou com um curso de trancista, Carol, mãe de duas meninas, atende clientes de toda região, Buri, Guapiara, Itapeva, Itapetininga e Ribeirão Grande. “Eu vivo de trança hoje em dia. A minha vida é a trança. Depois que eu comecei com essa profissão, eu renasci”.

Para agendar seu horário com a trancista, basta entrar em contato pelo WhatsApp através do número (15) 99753-6909, ou pelas redes sociais, Instagram e Facebook, como ‘Carol Braids’.

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