Há décadas atrás era rara a cidade que contava com o privilégio de ter um considerável corpo clínico de médicos. Capão Bonito se enquadrava nas que sofriam com a falta desses profissionais. Era um ou outro para atender toda a população.
Talvez o conceito de médico da família nasceu nesse tempo de escassez profissional numa área tão importante que é a Saúde. Tínhamos aqui um médico que era o médico de todos e de todas as famílias. Um clínico geral de mão cheia e principalmente com prazer em exercer a profissão e servir aos pacientes – comportamento em extinção nos dias atuais de lucro e capitalismo acima de tudo- o Dr. Eugênio Vaz.
Mas a falta de médico teve lá suas vantagens, pois fez surgir pessoas como a santa Maria Aliaga Peres. Seu atendimento teve muitas classificações e alguns até chamavam de passe, devido à ligação ao espiritismo, mas outros preferiam outras denominações. A verdade é que Maria Aliaga não tinha hora nem lugar para atender quem precisasse do seu poder de cura.
Servia a todos com carinho e de forma gratuita. Sua missão era apenas servir.
Atendeu milhares de capão-bonitenses com seu tratamento espiritual e na maior parte, obteve êxito.
Além disso, Maria Aliaga teve outro papel importante na sociedade capão-bonitense ao ser a progenitora de uma personalidade que transmitia e transbordava positividade, o ilustre e agora saudoso Durvalino Aliaga.
Tive a oportunidade de estudar com um de seus netos, o Willian Aliaga, conhecido como Zartino. Também sou amigo de outros netos como Andreo Luiz, o Urso, Angelo Otávio, e Arthur Aliaga, e por isso, tenho legitimidade para afirmar que são privilegiados pelo avô que se foi fisicamente, mas que deixa um legado para servir de exemplo de como viver com intensidade, bom humor e alegria, acima de qualquer coisa.
Comecei amigo dos netos e o destino me fez se aproximar do avô, também integrante do famoso Senadinho do Largo da Matriz, e foi no meio desses senhores que passei momentos inesquecíveis com Durvalino Aliaga. Quase toda tarde a passadinha na praça Rui Barbosa, que nos concede seus canteiros como forma de bancos, era obrigatória para botar o papo em dia. O primeiro a estender o sorriso quando me via era o Durva. Me abraçava como um pai abraça o filho ou como o avô o neto, e me chamava carinhosamente de Chiquinho.
De todas as características que possuía, a simpatia era a sua marca registrada, por isso, a conversa fluía e os assuntos se diversificavam.
Porém, Durvalino gostava mesmo era de comentar sobre os bailes que aconteciam na cidade, tamanha era sua paixão pela dança gaúcha.
Seus passos no salão de baile eram mágicos e memoráveis. Muitos afirmam que ele não dançava, flutuava, assim como um beija-flor.
Deixará saudades em todos os corações capão-bonitenses. Voa beija-flor e convide os nossos entes queridos para um grande baile de boas-vindas ao Céu.
Francisco Lino é jornalista!