Em apenas duas décadas, o Brasil vai encarar um percurso de envelhecimento que nações demograficamente maduras demoraram mais de um século para atravessar.
As projeções apontam que, após 2030, o contingente acima dos 60 será maior do que o de crianças e adolescentes de até 14 anos.
Em 2050, os idosos representarão o dobro dessa população jovem. As diminuições da mortalidade infantil e adulta, combinadas à queda de natalidade, moldam um novo perfil brasileiro. Uma terra em que, a partir de 2040, os únicos grupos populacionais que vão crescer serão os de pessoas com 55 anos ou mais. E nesse aspecto Capão Bonito vem avançando muito, com projetos como o Centro Dia do Idoso, que possibilita um avanço expressivo na qualidade de vida na terceira idade. O objetivo tem sido tirar o idoso de casa e mantê-lo integrado à sociedade com atividades diversas.
Devido a isso, Capão Bonito vem sendo apontada na região sudoeste e no Estado como a “Cidade Amiga do Idoso”.
Passeios, palestras, bailes, dança, dinâmicas motivacionais e orientações de saúde são algumas das atividades realizadas pelo Centro Dia do Idoso, considerado um dos mais belos do Estado de São Paulo.
No local, os idosos participam gratuitamente das aulas de Educação Física, Dança Terapia e Fisioterapia Preventiva para controle e prevenção de doenças. “É aqui que refrescamos a cabeça. É praticamente nossa segunda casa”, afirmam idosos atendidos pelo Centro Dia do Idoso de Capão Bonito.
Em 2009, o local estava abandonado e o prefeito Julio Fernando e o vice Marco Citadini conseguiram recursos junto ao Governo do Estado para revitalizar completamente o local preservando os padrões arquitetônicos. A inauguração do Centro Dia aconteceu em julho de 2012 e desde então Capão Bonito passou a ampliar as ações voltadas à terceira idade com um local específico.
Segundo o coordenador do Centro Dia, prof. Pedro Paulo Gal-vão, as aulas reúnem um conjunto de exercícios físicos e respiratórios que ajudam controlar sintomas co-mo insônia, ansiedade, depressão, dores articulares e musculares. “Elas também possibilitam maior flexibilidade do corpo, coordenação, concentração, melhora na postura, relaxamento muscular, diminuição de tensão, além de trabalhar a autoestima”, destacou o coordenador.
O Centro Dia também acolhe aqueles idosos que não têm com quem ficar durante o período diurno.
O atendimento é das 8 às 17 horas de segunda à sexta-feira, exceto em feriados, para idosos com mais de 60 anos.
Terceira Idade em debate
Durante uma sessão especial no Senado no ano passado, em debate sobre a questão dos mais velhos, especialistas sugeriram que o conceito de entrada na terceira idade passasse de 60 para 65 anos – e adiante para 70 -, para efeitos de alívio de políticas públicas já neste momento, mas com olhos para um Brasil socialmente sustentável no futuro. No entanto, a classe política mostrou-se irredutível e não deu qualquer margem para a discussão, que envolveria corte de benefícios e adaptações, como na gratuidade do transporte público, por exemplo. Mesmo assim, nos próximos anos, parece inevitável que em algum instante o senso do que representa ser idoso passe por revisões.
Conhecidas conquistas de me-dicina e tecnologia facilitam a ascensão dos índices de expectativa de vida no Brasil, que devem romper a casa dos 80 anos em 2040. Assim, parece não fazer sentido abreviar uma rotina ativa para meados de 50 ou mesmo 60 anos, se a saúde do indivíduo estiver em dia. Ainda mais numa projeção que prevê uma carência de mão-de-obra na faixa produtiva da sociedade.
Com menos brasileiros nascendo desde o começo do século, o número de jovens que chega ao mercado de trabalho irá despencar, e o país precisa pensar em como reter os experientes em atividade.
Segundo especialistas, esse cenário de falta de gente para trabalhar deve oferecer as primeiras complicações já na década de 2020.
A nova configuração populacional da nação exigirá ajustes sociais complexos, com a fatia mais velha mantendo-se em atividade por mais tempo.
“Com cada vez menos jovens, ou gente em idade economicamente ativa, o país em envelhecimento acelerado vai ver esse problema no mercado de trabalho já a partir da próxima década”, diz Marcelo Abi-Ramia Caetano, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Hoje a participação do idoso no mercado de trabalho já não é nada desprezível. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados no ano passado, 27% da população idosa brasileira (acima dos 60) trabalhava em 2012. No mesmo levantamento, o tempo médio semanal dedicado ao trabalho foi de 34,7 horas.
A maioria (64,2%) representava a pessoa de referência no domicílio e 47,8% tinham rendimentos superiores a um salário mínimo.