Encurtaram o período de campanha oficial de 90 para 45 dias. A população vibrou, é lógico, pois ninguém aguentava mais toda aquela parafernália de peças publicitárias, músicas exaustivas e pouca proposta.
Mas, como sempre, deram aquele jeitinho brasileiro e criaram a tal de pré-campanha e, ao invés, de apresentar as qualidades pessoais nesse período pré-eleitoral, estão novamente poluindo a cidade e despejando bobagens, agressões e ódio nas redes sociais. É assim que vamos mudar a política e o país? Não!
Os pré-candidatos que estão surfando na onda da ostentação terão enormes problemas judiciais pela frente para justificar a entrada e saída dos recursos despendidos para o patrocínio megalomaníaco. O financiamento será a grande preocupação das eleições municipais deste ano e o TSE já criou um teto de gastos para cada município. Magistrados eleitorais prometem olho gordo nos candidatos.
Todos os profissionais que se preparam para atuar nessas eleições estão cientes de que as campanhas serão na base do “feijão com arroz” e criativi-dade. O debate também será muito utilizado na escolha do candidato, seja nas Faculdades e Universidades, veículos de comunicação e até mesmo em entidades, cooperativas e associações.
Depois de Dilma e Aécio em 2014, o mais praticamente polarizado, e as discussões sobre política e visões de sociedade se espalharam por inúmeras esferas de nossas vidas.
Navegar pelas conversas do Facebook mostra o quão obsoleto ficou o antigo dito popular de que “futebol, religião e política não se discute”. Nas reuniões em família e encontros entre amigos, então, fala-se de política como nunca. E muitas vezes laços afetivos de anos se desgastam por conta das divergências.
O problema é que parte considerável dos embates entre ideias diferentes se caracteriza quase sempre por dois monólogos andando em paralelo, com o reconhecimento da outra parte ocorrendo apenas através de ofensas ou sarcasmo. Muito se fala, e pouco se ouve. Muito se prega, pouco se debate. E quando há troca, esta acontece menos como debate e mais como disputa, sempre com cada lado buscando ter a última palavra e “vencer”.
Ao contrário do que muitos imaginam, bons debates servem para construir conhecimento e não disputar. São oportunidades para que fatos e ideias circulem e sejam colocadas à prova. O próprio filósofo grego Aristóteles descreveu a prática como “encontros dialéticos entre pessoas que participam de argumentos não com o propósito de competir, mas evoluir”.
É fácil encontrar por aí aconselhamento de como “vencer” um debate – incluindo aí o clássico e sarcástico “Como vencer um debate sem precisar ter razão”, do filósofo Arthur Schopenhauer.
As eleições estão aí, seja com nome de pré ou de pós, e por isso, é importante exigirmos dos candidatos a qualquer posto, preparo e ideias compatíveis com a realidade de cada município. É extremamente importante cobrarmos um debate de alto nível.
E digo que é possível promover um debate saudável e de alto nível, basta que os candidatos tenham conhecimento sobre os assuntos em pauta, escolham fatos e não opiniões, pois, o que é mais fácil? Convencer alguém dizendo que “a economia do país vai mal” ou mostrar índices de desemprego ou retração econômica?
Bom debate a todos e esperamos que o alto nível prevaleça!
Francisco Lino é Jornalista
