Leandro Baldissera é octacampeão de Barretos

Aos 39 anos, o campeão brasileiro em Sela Americana Leandro Baldissera conquistou seu oitavo título na 61ª Festa do Peão de Barretos.
Após mais uma conquista, ele afirmou que não pensa em se aposentar tão cedo e que a vida de peão é “louca e apaixonante”.
Competidor desde os 18 anos, Leandro conta que já conquistou, além de Barretos, 22 títulos nos Estados Unidos e até viveu como cantor country por um ano.
Com um currículo recheado de desafios e conhecido por ser implacável, o peão de Capão Bonito é prova contrária de que a vida na zona rural é tranquila enquanto na cidade está o agito.
“Essa vida de peão é uma vida louca sertaneja, mas apaixonante. Estamos sempre na estrada e vivemos o perigo da montaria. Lembro um dia quando estava indo para um rodeio nos Estados Unidos ao lado de um amigo americano. De carro na rodovia a gente olhava para os prédios enormes ao nosso redor. Ele virou para mim e falou: ‘Leandro, veja todas essas pessoas nesses prédios. Elas querem viver a vida que vivemos. Essa vida de liberdade”, revelou.
Baldissera contou que se tornou peão em 1995, mas que o desejo veio na infância. “Nasci na fazenda e desde pequeno esse foi meu sonho. A primeira vez que entrei em uma arena de rodeio e senti a atmosfera tinha certeza do que queria. Nunca pensei em ser médico ou engenheiro”, diz.
Atualmente, ele já soma competições em sete países, sendo Brasil, Estados Unidos, México, Canadá, Argentina, Uruguai e Angola. Sua primeira participação na Festa do Peão de Barretos foi em 1998, mas só disputou pela Sela Americana em 1999. De lá foram oito títulos nos anos de 2003, 2007, 2009, 2010, 2012, 2014, 2015 e o atual 2016. Em média, o peão tem um título a cada dois anos.
“Me esforcei muito todos esses anos. Sempre busquei ser melhor e devagar fui conseguindo. Aprendi muito fora do país e investi em equipamentos para treinar em Capão Bonito. Já perdi muito, cai, quebrei perna, costela, braço e levei uns bons ‘esfregas’, que são os coices dos cavalos, para chegar aqui”, comenta.
Segundo Baldissera, foi nos EUA que ele aprendeu todos os segredos da sela americana. Na modalidade, o peão precisa se manter por oito segundos em cima do cavalo e posicionar e puxar as esporas da altura do pescoço do animal para trás, com o joelho flexionado.
“É um pouco diferente em relação à montaria de touros, até pelo tamanho dos animais. Na Sela Americana a técnica em cima do cavalo vale muito. Até por isso hoje tenho ‘malícia’ e estou melhor do que quando tinha 20 anos. Só penso em me aposentar aos 50”, conta.
Para o peão, os rodeios não fazem mal aos cavalos e touros, como afirmam grupos defensores. “Se eu fosse um animal queria ser de rodeio. Em um ano inteiro se somarmos eles ‘pulam’ no total dois minutos. No resto do tempo eles só descansam. Duvido que haja animais mais bem tratados, afinal 1 em cada 500 mil cavalos ou touros são ‘puladores’. O dono de um animal assim, que vale tanto, não vai deixar ninguém machucá-lo”, afirma.

Vida de cantor
Apaixonado por música sertaneja e gaúcha desde quando era criança, o peão conheceu o country americano nas primeiras viagens ao país norte-americano aos 21 anos. “Foi lá que conheci minha segunda paixão, que é a música”, diz.
Em 2014, Baldissera tentou conciliar a rotina de peão, pai, avô e fazendeiro com a rotina de cantor country.
Segundo ele, pegou o violão, saiu em turnê pelo país e fez 74 shows durante todo o ano. “Foi muito difícil. Vivia em hotel e no ônibus. Prejudicou os treinos. Mas foi uma experiência muito boa”, ressalta.
Dos tempos de cantor restam as lembranças, como um CD produzido por Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba, e um DVD gravado no palco principal da festa de Barretos em 2013.
“Não pude fazer tudo ao mesmo tempo, mas depois de aposentado vou voltar. Apesar de conseguir cantar e montar, subir no palco para mim é bem mais difícil que domar um cavalo ‘xucro’, porque a reação do ‘povão’ é imprevisível. A gente nunca sabe se eles vão acabar gostando da música”.

Família
E a paixão pela montaria também faz parte da família. O filho de Leandro, Hendrik Baldissera, de 13 anos, também já começou a se interessar pelo rodeio. “Ele está pegando gosto por rodeio. Até falo que só vou parar quando ele estiver melhor que eu”, brinca. Além de Hendrick, o peão é pai da jovem Mariana Baldissera, de 18 anos, que tem um filha de 4 meses.
Durante a rotina de rodeios, o peão também separa um tempo para cuidar da neta. “Ela se chama Laura. E hoje posso ver como o amor de avô é algo inexplicável, é muito grande. Agora entendo o porquê do meu pai fazer de tudo pelos netos”, completa.

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