No mês de dezembro a cadeia pública de Capão Bonito, que funcionava como abrigo para presos transitórios de todas as cidades da região, foi fechada por determinação do seu juiz corregedor. O fechamento aconteceu poucos dias antes das rebeliões ocorridas em presídios da região norte do país, eventos estes que fizeram com que o Brasil fosse alvo de manchetes negativas nos principais meio de comunicação do mundo. Não é preciso ser muito estudioso do sistema prisional para saber que nossos presídios e cadeias espalhados por todo o país funcionam em condições inadequadas e que são praticamente comandadas pelas várias organizações criminosas que atuam nos presídios país afora. Organizações estas, que muitas vezes promovem conflitos sanguinários como os ocorridos nas unidades de Manaus e de Boa Vista somente para mostrar para a sociedade sua real força dentro do sistema.
Ao fechar a cadeia local o Poder Judiciário foi feliz, pois mostrou sua preocupação com o estado degradado da unidade que já deveria ter sido fechada pelo Estado há anos.
O fechamento chegou até mesmo a ser anunciado pelo governador Geraldo Alckmin quando em visita a região, mas por decisão da Secretaria de Segurança Pública e contrariando declarações do próprio Alckmin à imprensa regional, o local continuou funcionando e recebendo presos de cidades com maior periculosidade do que os habituais presos de Capão Bonito.
Ao impedir o funcionamento da cadeia, a Justiça local sinaliza claramente que não aceitará que os presos sejam amontoados num prédio em más condições e que seja praticamente um depósito de seres humanos.
Além da acertada decisão da Justiça sobre as condições do prédio, o funcionamento da cadeia local nos moldes em que estava funcionando implicava no desperdício de recursos públicos, pois presos de cidades muito próximas ao CDP de Capela do Alto eram trazidos até Capão Bonito e alguns dias depois eram removidos para o referido CDP regional causando prejuízos ao erário devido aos gastos com os deslocamentos que envolvem vários veículos e um número grande de policiais militares, que poderiam estar atuando no policiamento preventivo em municípios da região.
É sabido que a Secretaria de Segurança Pública fará uma reforma emergencial no local para tentar a liberação da cadeia junto ao Tribunal de Justiça do Estado, pois não quer mexer na atual estrutura de outras cadeias do sudoeste.
Enquanto isso não ocorre cabe aos moradores de Capão Bonito comemorarem a decisão acertada do Poder Judiciário, que está fazendo a sua parte e cobrando naquilo que lhe é possível, uma posição mais adequada do Governo do Estado que é responsável pela manutenção do funcionamento da cadeia.
À opinião pública resta torcer para que esta medida acertada da Justiça local sirva de alerta para a Secretaria de Segurança Pública para que resolva definitivamente o caso das prisões provisórias em toda região e não mais empurre o problema para um único município, no caso Capão Bonito.