O deixar para depois que virou uma procrastinação

Já dizia o poeta grego Hesíodo: “O homem que adia o trabalho, está sempre a lutar com desastres”. A frase em questão, faz parte de sua obra ‘Os trabalhos e os dias’, no texto, ele aconselha seu irmão Perses, com quem tem divergências, para nunca deixar as tarefas importantes para depois. Essa atitude, nada mais é que procrastinar, o ato de adiar algo que precisa ser feito, para fazer outra coisa que seja mais legal, ou satisfatória. O problema está quando a procrastinação passa a acontecer muitas vezes, tornando-se um problema e podendo até comprometer sua produtividade.

De uma maneira geral, o cérebro humano “se rende” à procrastinação, porque tem preferência por uma recompensa imediata. “Isso porque é mais fácil para nosso cérebro processar coisas concretas em vez de abstratas, e o incômodo imediato é muito tangível em comparação com aqueles irreconhecíveis e incertos benefícios futuros”, explica a especialista Caroline Webb em artigo da Harvard Business Review.

Segundo a psicóloga Thamires Costa, a procrastinação tornou-se uma queixa de saúde, uma preocupação a ser resolvida. “É preciso dizer que o ato de “deixar para depois” sempre existiu, entretanto, estamos vivendo tempos em que as pessoas são hiperestimuladas por telas e já observamos como consequência, a crescente dificuldade de foco e atenção, questões presentes na procrastinação”, afirma a especialista.

A psicóloga ressalta que é possível afirmar que há influências psicológicas no nível subjetivo que resultam no ato de procrastinar, como por exemplo: dificuldade em priorizar os próprios interesses, ou seja, em selecionar dentre a lista de afazeres o que é mais importante para si mesmo, preferindo servir sempre aos outros. “A autossabotagem pode surgir como procrastinação, a pessoa adia tarefas e responsabilidades que prejudicam a si, motivado por uma crença inconsciente de não merecimento ou sentimento de culpa. E, por fim, cobrança por perfeição, quando a pessoa, por insegurança ou medo do julgamento, acredita que tudo o que faz deve ser feito com a máxima perfeição, tornando assim o processo de realizar algo extremamente exaustivo, o que leva a deixar novas tarefas para depois”.

O famoso ‘deixar para depois’, pode surgir de diversas maneiras, como em prazos incertos, quando a data para a entrega de uma tarefa é aberta demais, é provável que a procrastinação se instale naturalmente. O medo de errar, também pode levar a algumas pessoas a procrastinarem, porque criam a sensação de insegurança, medo de julgamento. Para a maioria da população, a falta de organização vem de uma má gestão do tempo, os tornando procrastinadores.

Para Thamires Costa, o ideal é entender de que maneira é possível combater a procrastinação, e o que poderia ser realizado para combater essa atitude. “É importante dizer que não existe causa única para a procrastinação, há questões sociais e questões subjetivas. O intuito é trazer hipóteses que podem ajudar com que cada pessoa possa pensar a si mesma de modo individual”.

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