Já se falou que quanto menos trabalho, melhor.
Essa recomendação foi durante muito tempo seguida pelos especialistas em longevidade. Acreditava-se que uma vida sem esforço seria uma vida longa. Mas o que se observa no nosso dia a dia é que parece haver uma relação entre longevidade e empenho profissional.
Por mais curioso que possa parecer, passar décadas se dedicando e se envolvendo em algo que você valoriza, ou seja, fazendo um trabalho que realmente aprecia, pode valer vários anos a mais. E esse conselho parte de uma pessoa genial, nada menos que Jorge Mário Pedro Vargas Losa, ou Vargas Losa.
Seus escritos tem um legado literário repleto de obras que lançam um olhar crítico sobre a sociedade latino americana e uma busca pela liberdade individual.
Na entrevista ao programa “Milenio” do canal Globonews, nesta última segunda feira, ele fala de sua caminhada como escritor e jornalista, discorrendo que antes, na distante juventude, de ardoroso simpatizante da esquerda, transformou-se em crítico decepcionado com os ditadores que infligiam sofrimentos aos seus povos no mundo inteiro, passando a entusiasmado defensor da democracia.
No inicio de sua entrevista falou:
– “Minha mãe contou que as primeiras coisas que escrevi foram continuações das histórias que eu lia. Eu sentia quando elas terminavam e queria continuar depois do final”.
O peruano, disposto e elo-quente, aos 80 anos, disse em alto e bom som que quando trabalhamos com o que gostamos, aliando entusiasmo e importância, passamos a amar a vida e entender que ela vale a pena. Balzac já disse que o homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo.
Seguindo a recomendação do premio Nobel de literatura, Vargas Losa, nós aqui nesta terra abençoada, assistindo o final do ano de 2016, que foi um ano cuja palavra mais pronunciada foi crise, devemos arregaçar as mangas e colocar todos os meios ao nosso alcance para superarmos essa grande dificuldade, aguentando firmes, agarrando-nos naquilo que gostamos e acreditamos.
Antonio Amaral, é advogado.