Que eleição!

A eleição atípica deste ano foi para espantar qualquer apostador abusado e que, mesmo sem sabedoria científica, arriscou palpite baseado unicamente em conversa de boteco.
O nome já diz: aposta! Uns ganham, outros perdem, e o folclore permanece vivo.
Não foi um pleito difícil somente em Capão Bonito, mas em muitas cidades da região.
A exceção ficou por conta de Ribeirão Grande, que elegeu novamente a professora Eliana Santos Silva com 75% dos votos válidos e nas demais, foi um verdadeiro “Deus nos acuda”.
Em Taquarivaí, apesar do favoritismo inicial da ex-prefeita e prefeita eleita Cecé Cardoso (PSDB), o jovem Marlos do Pedrinho (PV) deu trabalho e ganhou musculatura política para as próximas. A diferença foi apenas de 210 votos.
Na cidade de Buri, Omar Chain (PP) nadou praticamente sozinho na piscina da pré-campanha. Seu adversário, o vereador Gabriel Comeron (PDT), lançou a pretensa candidatura alguns dias antes do início da campanha oficial.
Com a diminuição do período eleitoral de 90 para 45 dias, a pré-campanha tornou-se instrumento fundamental para o bom desempenho do candidato.
Comeron largou bem atrás e com o apoio do grupo político do ex-prefeito Ú Fonseca, o número 12 foi se multiplicando e chegou competitivo na reta final.
Chain e seus aliados bateram duro no governo Ú Fonseca durante quase quatro anos, mas isso não foi suficiente para tornar a eleição fácil.
A cidade se dividiu entre 11 e 12, entre oposição e situação, e no fim, o candidato do PP pôde respirar com alívio.
Em Guapiara, a disputa foi similar a de Buri. De um lado o grupo da situação trabalhava pela reeleição da atual prefeita Pixa Pássaro (PTB) e do outro, um grupo alinhado com o ex-prefeito Flávio de Lima defendia a candidatura do jovem advogado Matheus Freitas (PV).
O time da situação praticamente não explorou a pré-campanha, confiando na popularidade da atual prefeita. Já o candidato da oposição fez a lição de casa: pelo fato de ser sua primeira eleição, o jovem advogado abriu mão de algumas atividades profissionais e se dedicou à pré-campanha, iniciada no mês de março.
Matheus Freitas andou pelos quatro cantos da cidade, de bairro em bairro, e chegou caci-fado para a disputa efetiva.
O sinal amarelo acendeu na situação, e o político de primeira viagem começou a fazer frente ao tradicional grupo político.
Até a abertura das urnas, praticamente ninguém se arriscava a palpitar.
Pixa Pássaro venceu por uma diferença de 267 votos, mas Matheus Freitas cravou mais de 5.000 votos e se consolidou com uma nova opção política em Guapiara, e com um perfil mais alinhado à gestão.
Em Capão Bonito, a disputa também foi acirrada.
Há tempos a cidade não via tantos candidatos a prefeito.
Seis candidatos disputaram a corrida à Prefeitura, mas a eleição se concentrou em apenas dois nomes: Marco Citadini (PTB) e Paulo Cecap (PP), conforme as urnas comprovaram.
Os demais candidatos fizeram de tudo para evitar a submersão eleitoral, mas a população sentiu que a eleição ficou entre o 11 e o 14.
O 11 largou bem na frente, conquistando uma larga vantagem nos primeiros 30 dias de campanha. Já o 14, enfrentou uma série de dificuldades na largada.
Os adversários espalharam que Marco Citadini não conseguiria obter o registro na Justiça Eleitoral, mas deram com os burros n’água.
O candidato do prefeito Julio Fernando iniciou, efetivamente, a campanha no dia 3 de setembro, quando a Justiça o classificou como apto à disputa.
Depois da decisão, Citadini não parou de crescer.
Com a candidatura 14 em ascensão e a do 11 em declínio, a diferença chegou a ser mínima nas vésperas e as urnas confirmaram as sondagens: vitória por uma vantagem de 311 votos num universo de 26.723 votos válidos.
Fica novamente a lição: Não existe eleição ganha ou perdida. Existem sim, estratégias corretas e barbeiragens eleitorais.

Francisco Lino é Jornalista

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