Na edição da semana passada este jornal publicou o patrimônio dos candidatos ao Executivo da cidade de Capão Bonito que está devidamente tornado de domínio público por estar anexado aos pedidos de registro dos candidatos.
Chamou a atenção, além dos valores totais das declarações de bens que superam os 3 milhões de reais, algumas anomalias sobre os bens de alguns candidatos nos seus respectivos relatórios que são oficiais e autodeclaratórios.
Candidatos que estão há anos na política sem qualquer outra atividade na vida privada apresentaram patrimônio de milhões e com bens com valores bem abaixo do praticado no mercado imobiliário, sem falar de vultosas somas em aplicações bancárias.
Além dos altos valores das declarações de bens, o que chama a atenção são alguns imóveis com nítidos valores subdimensionados. Não é admissível numa declaração de bens em que os declarantes comandarão os destinos da cidade, ter uma casa de mais de 100 metros quadrados com avaliação de 5 mil reais.
Muitos poderão dizer que se trata de bem adquirido há muito tempo e, portanto, não pode ter seu valor corrigido, mas esta desculpa não passa de uma falácia, pois não se trata da declaração de Imposto de renda de cada candidato, mas sim de uma declaração em que o candidato apresenta os seus bens imóveis e saldo corrente em instituições financeiras do país e que deveriam estar com os preços de mercado e da atualidade. Ou será que apresentar valores subdimensionados não seria intencional para não alertar um crescimento patrimonial incompatível?
A transparência nas eleições possibilita que a opinião pública tenha acesso a dados como as declarações de bens e as prestações de contas das campanhas dos candidatos e isso traz uma possibilidade de um pleito justo e com um mínimo de equilíbrio de condições.
Cabe também a Justiça Eleitoral ficar alerta e coibir possíveis desmandos e artimanhas de alguns candidatos que querem esconder a sua realidade patrimonial e consequentemente como ela foi conseguida.
Transparência total faz bem para a eleição, faz bem para a política e certamente fará bem para a futura gestão, pois o vencedor do pleito terá a chancela de ter chegado até o cargo máximo de sua cidade agindo dentro da lei e respeitando as regras eleitorais.