Será que o novo prefeito de São Paulo, João Doria Jr, dorme? Não sei equacionar essa questão, mas é incrível a sua eletricidade conectada através de um gerador próprio de energia. O mandatário paulistano chegou chegando e a mudança está desde os toques de modernidade no Gabinete do Prefeito, inclusive com a instalação de Led para monitorar o trânsito e outros programas, até o horário de expediente.
A garra dos Doria não é de hoje. Seu pai, o baiano João Agripino da Costa Doria, que antes mesmo de surgir a função de marqueteiro já se apresentava como um brilhante comunicador político na famosa pré-campanha presidencial de Juracy Magalhães pela UDN. “Chegou a vez do Nordeste. Para presidente, Juracy”, criou na época.
Doria pai era tão ousado que resolveu se lançar candidato a deputado federal pelo Estado da Bahia, sendo o próprio marqueteiro. Um dia Salvador amanheceu coberta de cartazes: “João Doria vem aí”. Um mês depois: “João Doria vai chegar”. Mais um mês e afinal:“João Doria chegou”. Foi uma campanha eletrizante!
João Doria Jr, o agora prefeito da maior cidade do Brasil, herdou essa energia e a cria-tividade política do pai. Apesar do exagero de se vestir de gari, suas medidas na questão administrativa têm lhe rendido bons créditos junto à população. Com essa forma diferente de governar, atingiu 66 pontos percen-tuais de aprovação.
Na campanha, vendeu a imagem de “João Trabalhador”, e o processo de comercialização deste conceito permaneceu no governo. Poucos sabem o verdadeiro objetivo de seu marke-ting pessoal contínuo, talvez só ele, mas muitos desconfiam e já palpitam.
O barulho de João Doria tem ecoado constantemente no Palácio dos Bandeirantes.
Por lá, alguns apostam num mandato na Prefeitura de apenas dois anos, daí a justificativa para a continuidade do mar-keting eleitoral.
O governador está gostando da conversa. Alckmin foi fiador de Doria no PSDB e investiu pesado para consolidá-lo como candidato a prefeito.
Venceu a parada contra os velhos caciques do tucanato paulista como Serra, Goldman e o próprio FHC.
Caso o afilhado permaneça em alta, Alckmin ganha força na corrida presidencial, mesmo Doria afirmando que fica os quatro anos na Prefeitura.
Essa promessa não é inédita, basta recordarmos do então candidato a prefeito de São Paulo, José Serra, que chegou a assinar um documento em cartório afirmando que governaria no município por quatro anos. A promessa não foi cumprida e Serra disputou e venceu a eleição para o Governo do Es-tado dois anos depois de assumir como prefeito.
Doria estaria no mesmo ca-minho?
Sobram dúvidas, com exceção de uma: Bruno Covas não descarta a possibilidade de se tornar prefeito, assim como seu avô, Mário Covas. Com a escassez de nomes no PSDB paulista, João Doria Trabalhador tem significativas chances de trocar o Anhangabaú pelo Morumbi.
Francisco Lino é Jornalista.