Pianista Marcelo Bratke e sua Camerata lotam Centro de Convenções de Capão Bonito

O renomado pianista internacional Marcelo Bratke e sua Camerata Brasil se apresentaram em Capão Bonito na noite do dia 17 de agosto.
A apresentação aconteceu no Centro de Convenções, na praça Cunha Bueno, que recebeu um grande público.
Com obras musicais de Debussy, Villa-Lobos e Dorival Caymmi, o espetáculo explorou os temas: céu, terra e mar, que foram as fontes de inspiração destes grandes compositores, promovendo um diálogo entre a cultura erudita e a cultura popular para revelar ao público as conexões da música com a natureza.
A apresentação deixou pais e alunos do Projeto Guri de Capão Bonito encantados.
Através de parceria cultural da empresa de celulose Fibria, a turnê de Marcelo Bratke realiza apresentações em diversas cidades: um concerto público com entrada franca e um concerto didático – encontro com o maestro no formato de ensaio aberto, voltado para estudantes da rede pública de cada cidade visitada pelo projeto.
O projeto busca o desenvolvimento pessoal e artístico de jovens estudantes de música oriundos de áreas desfavorecidas da sociedade brasileira, integrando-os a jovens músicos em fase de profissionalização através de apresentações públicas e didáticas respeitando e valorizando o ser humano através da arte e desenvolvendo potenciais.
“Acredito que o intercâmbio cultural criado através desta integração viabiliza a inserção destes jovens no mercado musical nacional e internacional”, diz Bratke.
Brasileiro radicado em Londres, o pianista Marcelo Bratke tem se apresentado frequentemente nas mais prestigiadas salas de concerto do mundo: Carnegie Hall em Nova York, o Festival de Salzburg, o Queen Elizabeth Hall em Londres e o Suntory Hall em Tóquio, entre outros.
Recentemente aclamado pelo jornal The New York Times por sua interpretação de Villa-Lobos no Carnegie Hall, Bratke está à frente do projeto Villa-Lobos Global pelo qual foi premiado em Londres com o 14th Brazilian International Press Award. A Camerata Brasil é um programa sociocultural profissionalizante criado por Marcelo Bratke em 2007. Um projeto endossado por importantes instituições nacionais e internacionais como o Ministério das Relações Exteriores, Arts Council of England, The New York Times, Rede Globo de Televisão e BBC de Londres, entre outras.

ENTREVISTA
O Expresso – Como se sente tocando no Brasil?
Marcelo Bratke – Adoro tocar no Brasil! Não somente no circuito das grandes salas de concerto, como a Sala São Paulo e o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde toco frequentemente, mas também em cidades que nunca recebem projetos culturais.
Tenho ido muito à região amazônica. Estados do Amazonas e Pará. Além dos dois grandes teatros, como o Teatro Amazonas, em Manaus, e o Teatro da Paz, em Belém, tenho realizado concertos em lugares isolados, como Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá. Neste ano estou fazendo uma grande turnê por pequenas cidades do Estado de São Paulo, onde o público delira com os concertos.

O Expresso – Qual a sala de concerto que você mais gosta de tocar e por quê?
Marcelo Bratke – O Carnegie Hall, em Nova York. Quando eu estudava na Julliard School of Music me lembro que passava em frente ao Carnegie Hall e pensava (inseguro) comigo mesmo: acho que neste palco nunca vou tocar! O Carnegie Hall foi inaugurado por Tchaikovsky.
Rubinstein, Horowitz, Toscanini, Karajan, Frank Sinatra, Villa-Lobos, Tom Jobim e João Gilberto passaram por lá. Há uma energia incrível, como em nenhuma outra sala de concerto. Uma acústica perfeita. Toquei diversas vezes no Carnegie Hall, mas a minha estreia foi em 2004. Foi o primeiro concerto que fiz logo após eu ter realizado, em Boston, uma cirurgia oftalmológica que fez com que eu enxergasse o mundo como ele é pela primeira vez, pois nasci com um problema grave de visão. Foi uma profunda emoção entrar naquele palco e conseguir, pela primeira vez, ver os rostos das pessoas que estavam na plateia naquela noite. Nunca me esquecerei!

O Expresso – Me conte um pouco de sua vida artística neste momento. Onde está morando? Com quem você está estudando?
Marcelo Bratke – Criei há alguns anos a Camerata Brasil, uma orquestra que profissionaliza jovens que vieram de áreas desprivilegiada da sociedade brasileira. É uma orquestra bem brasileira onde há uma fusão entre músicos eruditos e populares. Realizamos juntos nos últimos 7 anos mais de 300 concertos em 11 países.
É um projeto que cresceu muito e que tem sido endossado por importantes instituições nacionais e internacionais como o The New York Times, a BBC de Londres, O Ministério das Relações Exteriores e o British Arts Council, entre outras. Vivo entre Londres e São Paulo desde 1994 com minha esposa que é a artista plástica Mariannita Luzzati.
O Expresso – Foi importante para você sair do Brasil? Por quê?
Marcelo Bratke – Eu sempre fui meio nômade e desde os 22 anos de idade vivi em vários países. Aprender com outras culturas foi essencial para mim. Sair de um “porto seguro” e ter que articular novos modos de pensar. Não somente pensar a música, mas a vida em geral. Estou sempre aprendendo algo novo e o fato de eu viver em dois lugares tão antagônicos, me faz vivenciar o mundo em sua diversidade.

O Expresso – Quem foram seus grandes professores?
Marcelo Bratke – Minha primeira professora, Zélia Deri, que foi quem colocou literalmente minhas mãos no piano. E o grande mestre: o compositor, maestro e filósofo musical alemão Hans Joaquim Koellreutter.

O Expresso – Qual o artista que você mais gosta de interpretar?
Marcelo Bratke – Heitor Villa-Lobos!

O Expresso – Como se sente sendo considerado um dos maiores pianistas do mundo?
Marcelo Bratke – Para mim o importante é poder realizar os meus projetos e ter a liberdade de me colocar novos desafios, sempre! Vejo a música como um instrumento que aproxima as pessoas e as culturas distantes.

O Expresso – Qual suas próximas metas?
Marcelo Bratke – Seguir com o projeto Camerata Brasil e o projeto Villa-Lobos Worldwide, um projeto que criei para divulgar a obra de Villa-Lobos no mundo e que inclui várias ações: a gravação de sua obra para piano em 8 CDs com distribuição em 30 países pela gravadora britânica Quartz e pela brasileira Biscoito Fino, concertos no Brasil, Europa, Estados Unidos e Ásia, concertos especiais para crianças de várias partes do mundo, concertos em penitenciárias brasileiras e um programa de rádio que apresento semanalmente na Cultura FM de São Paulo chamado Alma Brasileira.

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